Um caso surpreendente de coincidência ou previsão acertada, Portugal, Espanha e parte da França enfrentaram um massivo apagão energético nesta segunda-feira (28/04), apenas um mês após a União Europeia ter recomendado que seus cidadãos mantivessem kits de sobrevivência para emergências.
O que aconteceu: Apagão da Europa
Na manhã de ontem(28), um apagão generalizado deixou milhões de pessoas sem energia elétrica na Península Ibérica e em regiões da França. A Ucrânia, que tem enfrentado ataques constantes à sua infraestrutura energética, prontamente ofereceu ajuda aos países europeus afetados, destacando sua “experiência após ataques russos” às redes elétricas.
O ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, publicou no X (antigo Twitter): “Estamos prontos para compartilhar o conhecimento e a experiência, incluindo aqueles adquiridos durante os ataques sistemáticos russos à infraestrutura energética”. Uma oferta que simboliza a solidariedade entre nações europeias em tempos de crise.
A falta de energia começou por volta das 12h (horário local), afetando aeroportos, sistemas de transporte e comunicações. Em Portugal e Espanha, estações de metrô foram evacuadas, semáforos deixaram de funcionar e o trânsito entrou em estado caótico. Controladores de tráfego aéreo relataram que aviões “sumiram” de seus sistemas quando as redes se desconectaram.
Kit de sobrevivência da UE: coincidência ou previsão? Apagão na Europa
Em 26 de março, apenas um mês antes deste incidente, a Comissão Europeia havia orientado os governos dos países-membros a implementarem medidas para garantir que seus cidadãos estivessem preparados para crises futuras – incluindo conflitos armados, pandemias, ciberataques e, ironicamente, falhas de infraestrutura.
Entre as recomendações estava o controverso “kit de sobrevivência para 72 horas”, contendo itens essenciais como alimentos não perecíveis, água, lanternas, documentos de identificação, medicamentos, rádios de ondas curtas e até mesmo dinheiro em espécie – exatamente os itens que agora se mostram cruciais durante o apagão.
A iniciativa foi apresentada como parte de um plano ousado da União Europeia para rearmamento e preparação para ameaças de conflito, com a comissária Hadja Lahbib destacando que “as ameaças que a Europa enfrenta hoje são mais complexas do que nunca — e todas estão interligadas”.
Causas ainda incertas: Apagão Europa
Seis horas após o início da crise, apenas algumas regiões de Portugal e Espanha haviam recuperado energia. As causas exatas do apagão ainda estão sendo investigadas, embora autoridades portuguesas tenham sugerido que o problema teve origem em “desequilíbrios” na rede espanhola de alta tensão.
Luís Montenegro, primeiro-ministro português, pediu paciência à população, prometendo restauração “nas próximas horas”, enquanto Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, evitou estabelecer prazos para a normalização.
Especialistas em segurança cibernética não descartam a possibilidade de ataques coordenados, embora essa teoria não tenha sido confirmada pelas autoridades. A proximidade com as tensões geopolíticas da região levanta questões sobre possíveis interferências externas.
Tensões crescentes e vulnerabilidade energética: Apagão Europa
Este apagão acontece em um momento particularmente delicado para a Europa, que enfrenta crescentes preocupações com segurança energética e cibernética. A União Europeia já havia sinalizado que o continente caminha para um cenário onde precisará lidar praticamente sozinho com sua segurança, após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reduzir o apoio militar aos europeus.
Uma autoridade da UE havia recentemente alertado que “as ameaças ao bloco estão aumentando, com tensões geopolíticas na vizinhança – como a guerra da Rússia na Ucrânia – colocando a segurança como tema prioritário para um número cada vez maior de cidadãos”.
Segundo Emma Hakala, pesquisadora do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais, as chamadas ameaças híbridas, “como ataques cibernéticos a hospitais, que podem paralisar a infraestrutura de saúde pública, também estão se tornando mais reconhecidas e mais concretas”.
Lição aprendida? Apagão Europa
O apagão massivo de hoje parece validar a controversa recomendação da UE sobre kits de sobrevivência. Na proposta original, a comissária Roxana Minzatu havia questionado: “É preciso saber como agir – como reagir – se faltar energia, se houver um terremoto, se houver uma grande inundação ou se houver qualquer tipo de ameaça. Como você se protege? De quais recursos você precisa? Como você mesmo assume a responsabilidade?”
Para os cidadãos europeus que seguiram as recomendações e montaram seus kits, a situação atual tornou-se um teste real da utilidade dessas medidas de precaução. Para os céticos, o apagão pode ser um alerta sobre a fragilidade das infraestruturas consideradas infalíveis.
Quando a recomendação foi lançada, Hadja Lahbib rebateu críticas afirmando que “estar ciente dos riscos e se preparar para eles é o oposto de criar pânico”. Ela havia citado o comportamento irracional durante a pandemia de COVID-19: “Não se esqueça de que vimos pessoas se aglomerando nas lojas para comprar papel higiênico. Isso realmente as protegeria de uma pandemia? Não. Estar preparado é saber o que pode acontecer”.
O que fazer agora? Apagão Europa
Para os brasileiros, o caso europeu serve como lembrete da importância da preparação para emergências. Mesmo em um país sem conflitos militares diretos, desastres naturais e falhas de infraestrutura podem ocorrer. Especialistas recomendam:
Manter água potável e alimentos não perecíveis para pelo menos três dias
Ter lanternas, pilhas e carregadores portáteis para celulares
Guardar documentos importantes em locais acessíveis e seguros
Ter um plano de comunicação familiar para emergências
Este episódio na Europa levanta reflexões importantes sobre vulnerabilidades coletivas e individuais em um mundo cada vez mais conectado e, paradoxalmente, mais frágil. A preparação para emergências deixa de ser vista como paranoia para se tornar uma medida prudente de autoproteção em tempos incertos.