Em um dos episódios mais intrigantes do mercado financeiro brasileiro nos últimos tempos, o Banco de Brasília (BRB) anunciou na sexta-feira (28) a aquisição de 58% do capital total do Banco Master por aproximadamente R$2 bilhões. O que torna essa transação particularmente controversa é a revelação de que, anteriormente, o BTG Pactual havia oferecido apenas R$1 pelo mesmo banco – uma discrepância que levanta sérias questões sobre a avaliação de ativos financeiros e o uso de recursos públicos.
A disparidade que chocou o mercado brasileiro
De um lado, o BRB, banco controlado pelo governo do Distrito Federal, disposto a pagar R$2 bilhões por uma instituição com histórico de operações de alto risco. Do outro, o BTG Pactual, um dos maiores bancos de investimento do país, oferecendo um valor simbólico de R$1 para assumir o controle e as dívidas do Master.
Esta disparidade de 2 bilhões de vezes no valor proposto não é apenas um detalhe numérico – representa visões radicalmente diferentes sobre o real valor (ou os problemas) do Banco Master. Enquanto as ações do BRB dispararam quase 100% após o anúncio da aquisição, especialistas e autoridades manifestam preocupação com os riscos envolvidos.
Casos históricos similares: quando avaliar é complicado
Esta não é a primeira vez que vemos discrepâncias dramáticas de avaliação no sistema financeiro. Casos como a aquisição do Banco Nacional pelo Unibanco em 1995, o salvamento do Panamericano em 2010, e a intervenção no Banco Santos em 2004 mostram como bancos problemáticos podem ter “balanços maquiados” que dificultam sua avaliação real.
Em 2008, durante a crise financeira global, o JP Morgan adquiriu o Bear Stearns por US$2 por ação (revisado de inicial US$10), uma fração dos US$170 que valiam um ano antes. Semanas depois, o Lehman Brothers quebrou sem encontrar comprador a qualquer preço.
Reações e preocupações do mercado
A operação já enfrenta forte resistência do mercado e da classe política:
Ricardo Cappelli, presidente da ABDI e aliado do governo Lula, classificou a transação como “um dos maiores escândalos do país”
Grandes bancos demonstram preocupação com o possível impacto no FGC
Críticos questionam se o BRB está sendo usado para “socializar prejuízos” de um banco privado
O deputado distrital Chico Vigilante criticou a “negociata” e se disse “extremamente preocupado”